segunda-feira, 27 de julho de 2009

PROJETO DE IGUAL PARA IGUAL


Justificativa

O projeto de parceria “De Igual Para Igual” tem como finalidade discutir a inclusão na E.M.E.F. “Benedita Martins de Souza”, com o objetivo de construir um acervo teórico- didático- pedagógico, com sugestões, críticas e dúvidas dos profissionais da educação, desta unidade de ensino, sobre as deficiências. O projeto atenderá os professores do turno vespertino, pedagogos e coordenadores.
A Educação Inclusiva é uma perspectiva de educação que comporta a dimensão da cidadania para aqueles que têm alguma deficiência. A escola como instituição social tem o dever de participar junto com a sociedade na garantia de acesso, permanência e educação de qualidade para todos. Sabemos que a inclusão começa em casa, portanto a família também deve participar junto com a escola da inclusão. Então é necessário que a escola tenha um diálogo constante com esta família.
A LDB que é a lei de Diretrizes e Bases da Educação e a começar da própria Constituição que coloca a educação como uma coisa inalienável. Um direito inalienável. Um direito de todos. Um direito da criança.
As preocupação e angústia vêm da natureza de não conhecermos em detalhes os aspectos fundamentais da educação especial. Essa incerteza pode nos deixar paralisados, insatisfeitos com a maneira de realizar "uma educação", precisamos ter coragem para desafiar os erros para encontrarmos novas maneiras de “fazer” ou “refazer” a prática pedagógica.
A nova meta pensada na escola tem que ser como pensar e não o que se pensa, ou seja, como pensar a inclusão, que não pode ser compreendida isoladamente, mas vistos de forma interconectada e interdependente. A maneira de pensar deverá ser "holística" – ver o mundo amorosamente como um todo integrado, e "ecológica" - reconhecendo a fundamental interdependência de todos os fenômenos naturais, tanto como indivíduos como sociedade, todos nós estamos inseridos dentro de processo cíclico da natureza.
Uma visão holística da inclusão das pessoas com necessidades especiais, significa ver a inclusão como um todo funcional, compreendendo suas inter-relações entre as partes envolvidas.
Algumas deficiências são extremamente claras e objetivas nas necessidades que apresentam, porém outras são muito complexas e precisamos em cada momento pensar e repensar em práticas políticas pedagógicas para que ocorra o processo de inclusão sócio - educacional.
Precisamos de um novo sistema de ética, diferente do atual, entendendo os princípios básicos de flexibilidade, cooperação, respeito e diversidade.
Neste momento a Escola, o educador e todos nós, precisaremos investir na consciência do nosso meta-pensamento, isto é, saber como se resolve um problema. Significa pensar em termos de conexões, relações, contexto, interações entre os elementos de um todo; de ver as coisas em termos de redes e comunidades. Necessitamos que nossa escola acredite que o trabalho em grupo não é uma coisa tão natural, espontânea, sendo que isto não é um fato, há necessidade do exercício e propostas para se desenvolverem de forma grupal, solidária, cooperativa e acima de tudo humanística, do contrário nada se modificará.
A capacitação dos professores daqui em diante precisará incluir técnicas que incentivem os alunos para cooperação, sendo o "trabalho em grupo" uma estratégia na sala de aula, o papel do professor como mediador dos alunos. O próprio educador precisa se tornar um agente de mudança trabalhando em grupo com seus colegas, com outras pessoas da escola.
A escola da atualidade necessita ser mais flexível, ser inteira e representar a vida, portanto humanizada. Nossas escolas baseiam-se inteiramente em torno da noção de disciplina e comportamento. A escola que corre atrás de resultados quantitativos, e deixa de ser de qualidade perde a oportunidade de entender como se chega aos resultados.
É necessária a transformação do espaço escolar a fim de trazer novos olhares para a deficiência. Não basta colocar o aluno portão adentro da escola, delegando–lhe um espaço físico dentro de sala de aula. É preciso que a escola, como instituição, viabilize formas de atendimento a essa população. É importante ressaltarmos que esses alunos têm não apenas o direito à educação, mas, também, têm o direito às oportunidades educacionais e isso implica atender, nas instituições escolares, a extensa gama de diferenças individuais existentes entre os educandos.
Ao mesmo tempo, a entrada na escola nos ofereceu a possibilidade de transformações, quando gestores, professores e coordenadores começam a sentir que falta alguma coisa, e isto mexe consideravelmente com as reflexões dos profissionais. Com isto as soluções e as ações do cotidiano escolar passam a ser compreendidas como espaço de construção de um conhecimento, que visa auxiliar o trabalho pedagógico com todos os alunos. A mudança do enfoque vai além da deficiência, abarca a adoção de metodologias e intervenções que tragam para o cotidiano escolar um outro olhar para o aluno com deficiência, suas possibilidades e singularidades, intervenções que instaurem as diferenças e não salientem as desigualdades.
Justificando esses princípios, aproximamo–nos do referencial teórico winnicottiano na medida em que essa teoria nos fornece subsídios para pensarmos a articulação entre indivíduo e ambiente. Essa teoria nos propõe uma determinada visão de homem no mundo, sua subjetividade e conseqüente relação com o ambiente, produzindo uma importante discussão sobre a constituição do indivíduo e sua formação.
É a partir da compreensão da integração do indivíduo e do papel do ambiente no processo de amadurecimento que abordaremos o papel da escola e a intervenção realizada.
Para Winnicott (1988), o indivíduo encontra–se integrado, habitando o próprio corpo e sentindo que o mundo é real. Em sua visão de homem, o autor acredita que fatores ambientais e pessoais devem ser considerados, priorizando a constituição da experiência a partir da relação com o outro. Concebe a criança somato e psiquicamente em constante troca com o ambiente, entendendo que ela se desenvolve e amadurece no encontro com o outro humano.
Portanto, o ambiente tem um papel fundamental na constituição e no processo de desenvolvimento do indivíduo, pois à medida que a criança cresce, o conteúdo de sua vida pessoal não se restringe apenas a ela. Em seu processo evolutivo, a criança afrouxa os laços da dependência familiar e passa a integrar a sociedade global, apropriando–se da herança cultural, devendo o ambiente provê–la nesse sentido
Nessa teoria, a entrada na escola é conseqüência de um caminho gradual que parte da relação do indivíduo com a mãe e é seguida pela relação com a família, com a escola e com a sociedade mais ampla. O estudo das funções ambientais posteriores devem ser pensado, levando–se em conta o papel da mãe. Isto é, Winnicott (1999) nos fala de um certo modelo de relação em que as coisas são sempre uma questão de crescimento e desenvolvimento.No processo de amadurecimento da criança com deficiência mental o ambiente é, muitas vezes, repetidamente insuficiente, obrigando–a a reagir, substituindo seu gesto espontâneo pela submissão, adaptação e imitação, indo contra sua própria natureza. No desenvolvimento saudável o indivíduo cria o mundo, não se adapta a ele. A adaptação não é senão o falso self, desenvolvido através das falhas ambientais, aparecendo como defesa do verdadeiro self, que leva a criança a ficar submetida ao outro. "O falso self se desenvolve sobre uma base de submissão e se relaciona com as exigências da realidade externa de forma passiva" (Winnicott, 1988, p.128).
Ao nos determos no campo da educação, deparamo–nos com o aspecto imperativo que ela imprime ao aluno com deficiência mental, oferecendo–lhe, na maioria das vezes, o lugar do não saber, da falência do ideal. Na interação com o ambiente escolar, as crianças com deficiência mental, muitas vezes, são atravessadas por relacionamentos que as desqualificam em seu fazer e as impelem à submissão e à adaptação ao ambiente. O aspecto imperativo da educação, no campo da deficiência, é particularmente grave e colabora com o impedimento do processo de desenvolvimento dessas crianças, impedindo o indivíduo de manifestar seu verdadeiro self.
Porque, para o deficiente mental, dizer–lhe tudo o que tem que aprender, fazer e seus modos não é somente suprimir provisoriamente a sua criatividade .... Equivale, o que é ainda mais grave, a dizer–lhe que dele não se espera que saiba nada por si mesmo, ou que o deduza ou que o invente. Ou seja, repetir o que lhe vem sendo dito em sua casa ou no mundo externo, suprimindo a esperança, se é que ainda lhe restava alguma, de que na escola lhe reconheçam outra condição que a de nulidade absoluta .
Ao participarmos de processos de inclusão escolar, percebemos que ao inserirmos essa criança na escola não estamos, obrigatoriamente, incluindo–a. Muitas vezes, no cotidiano escolar, ela vivencia situações que a excluem das relações que se desenvolvem nesse cotidiano. O resultado, em geral, é o afastamento, o não compartilhar e o sentimento de estranheza que a acompanha. Assim, a escola em sua prática acaba por cristalizar a marca de deficiente, contribuindo para sua constituição como indivíduo deficiente.Nesse sentido, faz–se necessário pensar em intervenções que proporcionem à criança realizar seu desenvolvimento escolar/cognitivo, para que possa atuar no mundo de forma singular e criativa, possibilitando a emergência de sua subjetividade. É papel da escola participar da ampliação e enriquecimento do espaço potencial, oferecendo material cultural de forma que o aluno possa se apropriar dele de forma criativa e singular, preservando sua identidade pessoal e grupal.
Segundo a Declaração de Salamanca:
As escolas devem ajustar-se a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, lingüísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiência ou superdotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. (Declaração de Salamanca: UNESCO, 1994).
A Educação Inclusiva pressupõe que a educação para todos é um desafio não apenas para os alunos especiais, mas que, no século XXI ela apresenta desafios à capacidade dos professores e da escola para oferecer uma educação voltada para a cidadania, pois é na relação concreta entre o educando e escola que se localizam os elementos que possibilitam decisões educacionais mais acertadas. Isso significa que todos os espaços na escola devem ser considerados como locais de aprendizagem.
Contudo, a figura do professor neste contexto é ainda mais relevante, uma vez que este é desenvolvedor das ações mais diretas no processo de inclusão, quais sejam lidar com as diferenças e preconceitos por parte de pais e alunos. Neste novo paradigma, se verifica o surgimento de novas e maiores responsabilidades e parece clara a necessidade de uma formação mais eclética para o professor, que inclua conhecimentos teóricos específicos com fundamentos médicos, psicológicos, pedagógicos e sociológicos.


OBJETIVO GERAL

· Construir um acervo teórico-didático-metodológico que permitam aos professores reconhecerem-se como mediadores da inclusão na escola.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Identificar a percepção que os professores têm dos conceitos deficiências;
· Identificar posturas e atitudes que comprometem à inclusão;
· Discutir à luz teórica as diferentes deficiências;
· Propor intervenções didáticas que correspondam as expectativas de aprendizagem dos alunos como um todo;


PRIMEIRAS AÇÕES

27/07/09 – Construção da proposta inicial com as pedagogas do turno vespertino.
27/07/09 – Início da proposta com a professora Suze - Tema: Esquizofrenia: conceito, causas, crise.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arendt, H.. A condição humana. (R. Raposo, Trad.). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997.

BRASIL. Diretrizes nacionais para a Educação especial na Educação Básica- CNE/CNB nº 2/2001. Brasília; MEC/SEESP,2001.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: sobre Princípios, Política e Prática em Educação Especial,1994. Disponível em: www.inf.ufsc.br. Acesso em: 26/jun/2009.
MANTOAN, M.T.E. (1988). Compreendendo a deficiência mental: novos caminhos educacionais. São Paulo: Editora Scipione.
WINNICOT Donald Woods. Natureza humana. Trad.de Davi Litman Bogomoletz. Rio de Janeiro, Imago, 1990. W18 - Human Nature. Eds. C.Bollas/M.Davis/R.Shepherd. London, Free Association, 1988.
Sassaki, Romeu. K. Inclusão - construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
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