Aquilo que os professores conhecem sobre inclusão são apenas partes do fazer pedagógico, pois existem aspectos mais profundos da inclusãocompreendidas com mais profundidade.
Embora, a inclusão seja um tema debatido com freqüência nos encontros de estudo e formação, não há ainda, uma ideia clara de como a escola deve conduzir a proposta pedagógica inclusiva. Assim, se por um lado todos aceitam que ela é um direito, também afirmam que a escola não está preparada, já que as diretrizes educativas se ancoram no eixo da adaptação e não da inclusão. Não se pode culpabilizar totalmente à escola, porque a inclusão exige, ambientes e profissionais especializados. Assim, nós professores mediamos uma prática pedagógica que está longe de atender o proceso de aprender para a vida.
É preciso compreender que os professores, a princípio, não são indiferentes, mas são amordaçados. Sabemos que qualquer aluno é único, mas o discurso é muito democrático, pois um aluno com deficiência necessita muito mais do que um belo discurso. O que falta para adotar à diversidade é a clareza do discurso, do processo de aprendizagem, da avaliação. Na verdade, a inclusão, ao estender a igualdade de condições de aprendizagem de todos reconhece as diferenças e propõe a revisão de práticas e modelos tradicionais. Assim, vivemos da ilusão, dos mitos e normas, numa relação vertical, que não dá conta de educar a todos.
Certo é que cada professor ao adotar uma prática está politicamente comprometido com uma escolha. Neste caso sua conduta perpassa todo o processo de ensino e aprendizagem, pois os dois processos são interligados. Do conhecimento transmitido à avaliação, há uma filosofia, uma visão de mundo e um princípio educativo do professor que aprendido ao longo do tempo. Nada é por acaso, tudo se entrelaça no sentido de construir ou reproduzir um status quo. Com isto é de se imaginar que a inclusão se torne um tema angustiante. Na verdade apreendemos um discurso, mas amordaçamos a prática. Não por incompetência, mas porque a escola ainda não é inclusiva.
Estamos como as borboletas da poesia de Vinícius de Moraes: todas são diferentes, mas o que transparece no final é a escuridão da prática.
Também, concordo com Rubem Alves, quando ele diz que professores são jequitibás, talvez pela característica da resistência emanada pelo seu porte de gigante. Aliás, o vocábulo em tupi-guarani significa “gigante da floresta”.
Os professores têm esta mania de resistência. São gigantes naquilo que fazem, crescem com o tempo, se apaixonam por borboletas e, se acostumam pelos defeitos do sistema. Se não fossem assim, como sobreviveriam na selva que os “normalóides” designam de escola. A diferença entre o jequitibá e os professores (as) é que a primeira é protegida por leis, quem as corta são punidos ao rigor da lei ambiental. E os professores, ficam à margem da lei, expostos aos delírios legislativos, ou seja, somos menos importantes do que à árvore. Fica entendido que nada tenho contra a árvore. Aliás, adoro uma sombra numa tarde quente de verão, o barulho das folhas dançando com a brisa, o refúgio dos ninhos e o alvoroço dos pássaros ao final da tarde.
Nisto esta a diferença: a poda ilegal das ideias, do diálogo só porque sombreamos demais o sistema. Com isso, aos poucos nos esquecemos de regar o jequitibá, afinal ele será mesmo cortado. Mas, como a ciência avança em passos largos, guardaremos a semente e, quem sabe um dia poderemos inseminá-la!
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
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